sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

TEU CORPO SUGANDO MEU CORPO


 

Satânico é meu pensamento a teu respeito e ardente é o meu desejo de apertar-te em minhas mãos,
numa sede de vingança incontestável pelo que me fizeste ontem.
A noite era quente e calma e eu estava em minha cama, quando, sorrateiramente, te aproximaste.
Encostaste o teu corpo sem roupa no meu corpo nu, sem o mínimo pudor!
Percebendo minha aparente indiferença, aconchegaste-te a mim e mordeste-me sem escrúpulos.
Até nos mais íntimos lugares.
Eu adormeci…
Hoje quando acordei, procurei-te numa ânsia ardente, mas em vão.
Deixaste em meu corpo e no lençol provas irrefutáveis do que entre nós ocorreu durante a noite.
Esta noite recolho-me mais cedo, para na mesma cama te esperar…..
Quando chegares, quero te agarrar com avidez e força.
Quero te apertar com todas as forças de minhas mãos.
Só descansarei quando vir sair o sangue quente do seu corpo..
 Só assim, livrar-me-ei de ti… Pernilongo Filho da Puta…
Autor: Carlos Drumond de Andrade







Um comentário:

  1. A poesia é obscenamente insana e exoticamente hilária... Surpreendi-me em saber que é do Drummond, e não do Luis Fernando Veríssimo.

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